Canastra
canastra Na minha canastra cabe tudo: objetos, memórias, divagações, rabiscos, ideias, projetos. E está bem abarrotada. Aos poucos, estou revisitando-a e vivificando alguns guardados.
O encontro que Deus quis
28 de abril de 2019 – domingo.
Adentro à sala de café do Santuário de Fátima, onde estou hospedada pela segunda vez – a primeira fora de 25 de fevereiro a 10 de março, e não encontro a princípio mesa vazia. Funciona assim: não há reserva de mesa – você se aloja onde há cadeira vazia. E encontrei uma vaga no canto do refeitório com três ocupantes. Peço licença e acomodo-me.
E a conversa principia e a empatia se instaura. O casal – Sara e Álvaro – reside em Porto e Isabel, a irmã de Sara, na França. Contam-me que estão lá para a celebração do Domingo de Misericórdia. Fazem este roteiro pelos menos quatro vezes ao ano.
Perguntam-me como será meu dia. Digo-lhes que irei à missa das 10h – embora tenha ficado mais de vinte dias lá – era a segunda missa que assistiria no Santuário. Meu ritual diário era participar no Terço Internacional às 21h30 na Capelinha das Aparições, seguido de uma procissão de velas. Envolvente! Bom, depois iria para Aljustrel, a aldeia dos pastorinhos, finalizar meu trabalho de documentação, já que viria embora na terça-feira. Eles disseram que iriam à missa e….
Vou à missa, faço imagens no Santuário e desisto de ir para Aljustrel, já que tinha ainda a segunda-feira para fazer isto e pela primeira vez naquela terra fria e “ventosa” senti calor e uma preguicinha de caminhar – já que a aldeia fica a 2,5km do Santuário.
De volta ao hotel para guardar a tralha e ir almoçar, eis que encontro a família no saguão. Ao me ver, saúdam-me alegres. Contei-lhes a decisão.
Disse-me Sara: – Então agora, você é nossa! Vamos almoçar juntos! Está convidada!
Por um instante fiquei emudecida! Que presente de despedida de Fátima! Ri por fora e por dentro. Acompanhei-os a pé a um modesto restaurante nas proximidades, mas que servia um bacalhau ao molho dos melhores que degustei por lá. Muita prosa, regada a vinho escolhido por Álvaro – menos falante, mas observador.
Ao término do almoço, Sara e Isabel se entreolharam – somente agora um ano depois estou entendendo esta troca de olhares – ou não estou!
Nestas alturas, eu já estava por conta desta família “anjo” e veio o segundo convite: acompanhar Sara e Álvaro na celebração de Domingo da Misericórdia em um ginásio nas proximidades do Santuário.
– Ok. Vamos lá! Fomos de taxi – pago por eles, claro.
Ao chegar, vi que a celebração era organizada pela Canção Nova – muito presente em Fátima – e o público bem diferente da maioria dos frequentadores do Santuário. De todas as idades, muitos imigrantes africanos, negros, pobres, delegações de várias partes do País. Muitos cânticos e louvores!
Fechei os olhos e me entreguei àqueles momentos e agradeci. Tinha a certeza que fora algo que tinha a mãozinha divina.
No final da cerimônia, Sara me ofereceu um lanche, me levou na livraria e me presenteou com o livro “Diário de Santa Faustina” de mais de quinhentas páginas.
Pensa que acabou? Na segunda-feira, no café da manhã – a despedida. Isabel lá estava com um livreto de presente com esta dedicatória: “O encontro que Deus quis”.
Hoje, quase um ano após o encontro, véspera do Domingo da Misericórdia, senti um desejo de iniciar a leitura do livro, embora não tivesse me atentado para a celebração de amanhã – e o livreto estava junto, na página de rosto.
Digo sempre quando algo deste gênero acontece: são arranjos da espiritualidade.
Um alento para estes tempos de provações que vivencio e que todos de alguma forma estão vivendo. Tempos de redenção!
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A primeira vez que ouvi o terço da misericórdia foi na comunidade Luz Figueira e confesso que inicialmente tinha muito preconceito em relação à oração – e outras. Hoje, não mais. Sou uma orante em construção e em conexão com a luz, sempre!!!
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