O Sapucaí está morrendo!

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O Sapucaí está morrendo!

O Rio Sapucaí passa no quintal na minha casa na Água Quente, município de Silvianópolis,MG.

A relação com o rio sempre foi muito intensa que em 1992, eu e três colegas do curso de Jornalismo/Univas Maria Eunice dos Reis, Luciane Cunha e Sarita Prado (falecida em 1996) escrevemos o livro Sapucaí, o caminho das águas, que foi um marco editorial na região. Mas isto é outra história…

Eu e meus irmãos aprendemos a amar o rio com meu pai que nos levava para dois passeios anuais.

Na época da cheia, aventurávamos em canoas de troncos de bananeiras pelas águas barrentas das enchentes que se formavam nas várzeas do Campo Redondo. Encenávamos cenas do descobrimento da América, do Brasil e de ataques no Rio Sapucaí – mais tarde tomei conhecimento da Guerra das Canoas – conflito entre as províncias de São Paulo e de Minas pela posse da região e que realmente aconteceu naquelas imediações.

Na época da seca, o destino era a prainha – quando os afazeres domésticos permitiam, minha mãe nos acompanhava também – que se formava em um determinado ponto de sua margem. Molhávamos os pés em suas águas ligeiras, catávamos pedrinhas de formatos e tons diferentes para nossas coleções, subíamos nas árvores, merendávamos – como se dizia por ali.

Ao longe avistávamos a pontinha de uma pedra no meio do rio, o destino de alguns pescadores que tinham mais conhecimento sobre os melhores locais para a pesca. Meu pai dizia que a pedra formava um poço, ótimo para pescar peixes graúdos. Mas nós nunca fomos até à pedra, só a contemplávamos em nossas incursões pelo entorno do rio.

O tempo passou – e depressa – meu pai já não está mais aqui, mas se estivesse não iria parabenizar-nos pela nossa conquista do final de semana passado. Sim! Conseguimos alcançar a pedra – e sem depender de canoa. Grau de dificuldade: nenhum! Ele estaria, sim, agoniado ao constatar que o rio está morrendo!

18 de outubro de 2014

 

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